segunda-feira, março 31, 2014

Os adeptos vivem de vitórias

Com a consideração que me merece, e embora reconhecendo o esforço feito para reduzir o passivo, custa-me ver o presidente do Belenenses reduzido a presidente das modalidades! Ou então de projectos que se vão repetindo e pouco têm a ver com uma equipa de futebol competitiva. Dir-se-á que isso é com a SAD e eu fico na mesma, ou seja, frustrado.
Explico:

Os adeptos não vivem de requalificações, complexos desportivos, pavilhões polivalentes, esse discurso é interessante mas interessa apenas àquela minoria que passa a vida no clube como se o clube fosse uma tasca ou um quiosque onde se compra o jornal todos os dias. Essa ideia de clube recreativo é medíocre e nefasta ao Belenenses. É a carroça à frente dos bois.

Outra ideia nefasta é a presunção de obter receitas fora da indústria do futebol, quer seja em arrendamentos ou concessões de terrenos para actividades que nada têm a ver com a prática desportiva. E aqui abro um parêntesis para repetir: - na fase de penúria e quase eclipse em que nos encontramos, ter outras modalidades para além do futebol, é um luxo. Nesse sentido só deveríamos manter aquelas que possam exibir-se num nível competitivo aceitável. Para bom entendedor…
Nada evidentemente contra as escolas e a formação das modalidades com tradição no Clube. Desde que, também evidentemente, esteja salvaguardada a formação do futebol.

Mas voltando às receitas geradas por outros negócios nada melhor do que o exemplo do Bingo! Parecia a galinha dos ovos de oiro, era o melhor Bingo de Lisboa, mas esse facto não impediu o contínuo afundamento do Clube. Mais, acrescentou vícios de gestão que nunca mais o abandonaram. Resultado: - as receitas do futebol passaram para segundo plano, as do Bingo eram boas e certas e não estavam dependentes das vitórias. E o que era bom tornou-se lentamente um veneno. Aconteceu também noutros clubes. É verdade, e também se afundaram.

As piscinas foi outra miragem: - outra mina de oiro em perspectiva! E tinha a vantagem, diziam, de transformar os nadadores em sócios do Belenenses. O pior é que os ditos sócios, quando se tratava de futebol, não frequentavam o Restelo, mas sim a Luz e Alvalade. Não seria assim se tivéssemos uma equipa de futebol competitiva mas isso deixou de ser vital para as sucessivas Direcções que passaram pelo Clube. Reparem que eu usei a palavra ’vital’.

Finalmente os adeptos que se afastaram. Eles só regressarão quando o Belenenses regressar àquilo que foi. Ou pelo menos, quando sentirem fortes sinais de que isso pode vir a acontecer. De contrário, vai ser sempre pior. Pode o estádio estar sempre aberto, requalificado ou não, em não havendo vitórias, estará sempre deserto.


Saudações azuis

segunda-feira, março 24, 2014

Seis jogos para sobreviver!

Calem-se agora os arautos da desgraça, façam tréguas olímpicas a Direcção e a SAD, imaginemos por uns tempos que somos um clube normal, desencantem das brumas da memória alguns restos da antiga grandeza, e preparemos com confiança essa final decisiva contra o Paços de Ferreira!

Lito é belenense, vê-se logo, e não é parvo. Quando jogador era um pouco quezilento, às vezes exagerava, mas nunca lhe faltou a fibra. Lutava sempre. Como treinador todos esses defeitos e qualidades ajudam.
Não digo isto para diminuir Marco Paulo, também ele foi jogador combativo. E continuo convencido que é bom treinador. Mas no Belenenses actual só vingam aqueles (muito poucos!) que conseguem impor-se a tudo e a todos e esse não é o perfil de Marco Paulo. Lito tem esse perfil.

Sobre o que aconteceu no campo não há muito a dizer. Com Luís Castro o Porto voltou à sua forma de jogar e sendo assim, mesmo com alguns pernas de pau que por lá andam, seria difícil roubar pontos no Dragão. Estivesse lá ainda Paulo Fonseca, e os seus equívocos, e talvez fizéssemos uma gracinha. Mas Lito bem tentou! E na minha opinião tentou bem. Pôs o Miguel Rosa onde ele deve estar, perto da área, e terá repetido vezes sem conta que a bola tem de circular rápidamente. Quando não há espaço nem tempo o melhor é colocá-la no flanco contrário, e criando essa rotina, pode ser que lá apareça algum dos nossos, desmarcado, para então criar verdadeiro perigo. E íamos marcando!

Mas veio a expulsão de João Afonso. Estávamos no fim da primeira parte! A meu ver, houve excesso de zelo na cor da cartolina. Pareceu-me que o avançado do Porto não estava completamente isolado quando sofre a falta. Enfim, critérios. Depois, com dez, fizemos o que foi possível. E foi bastante!


Saudações azuis

terça-feira, março 11, 2014

Hegemonias e tendências

Azuis, azuis e brancos, verdes e encarnados, os chamados quatro grandes, foi uma das matrizes do futebol luso, e talvez a mais duradoura. Com o declínio dos azuis do Restelo, e com o centro das decisões a rumar a norte, existiram algumas tentativas para reconstituir aquele quarteto com clubes nortenhos. Assim, Guimarães, Boavista e mais recentemente o Braga, têm sido candidatos (recorde-se que o Boavista ganhou inclusivé um campeonato) mas a verdade é que nenhum deles conseguiu consolidar essa posição. Até porque os dinheiros europeus têm vindo a reduzir aquela matriz aos dois lugares que dão normalmente acesso à Liga dos Campeões. Lugares quase cativos de Porto e Benfica.
E fica traçada a história das hegemonias do futebol luso. E a pergunta que se impõe é:

Mas como será daqui para a frente?!

A tentação seria considerar a realidade que hoje vivemos como eterna. Considerando eternas quer a união europeia, quer a actual omnipresença da UEFA. E daqui poderíamos partir fácilmente para uma sonhada super-liga europeia, onde caberiam, no máximo, dois clubes portugueses. Os outros, cada vez com menos adeptos, haveriam de se entreter em competições mais ou menos ruinosas. Diga-se que este é o cenário preferido da grande maioria dos nossos opinadores.

Outro cenário menos idílico, talvez mais realista, seria olharmos para os nossos bolsos vazios, para as dívidas monumentais da maioria dos clubes, para a carestia de vida que rápidamente se aproxima, já sem falar na hipótese (académica por enquanto) de um desmembramento da união europeia, vítima, por exemplo, de um qualquer episódio ucraniano.
Nestas condições muito teríamos a ganhar se pensássemos em fortalecer o campeonato nacional, tornando-o mais rentável, ou seja, mais competitivo, em lugar de continuarmos a depender quase exclusivamente dos fundos uefeiros. Fundos esses, que tal como os da união europeia podem um dia não vir. E mesmo que venham por mais algum tempo, já todos percebemos que se trata de um presente envenenado. Pelo menos para os clubes portugueses.
Em boa verdade, aqueles que não os recebem, não conseguem competir com aqueles que os recebem, e assim se desvaloriza o nosso campeonato nacional. Mas não é menos verdade que aqueles que os recebem estão cada vez mais arruinados! Correm atrás de uma miragem – ser campeão europeu de clubes – mas para isso têm que vender à concorrência, todos os anos, os seus melhores jogadores.

Uma verdadeira quadratura do círculo.


Saudações azuis

Depois… a culpa é do treinador!

Numa semana decisiva, e serão todas até ao fim do campeonato, as noticias importantes não são desportivas, são outras, incompreensíveis para a maioria dos adeptos! Falam de guerras intestinas, entre a Direcção e a SAD, falam de desacordo, de denúncia, não falam dos golos que temos que marcar! Falam de tudo aquilo que o Belenenses não precisa.
Não vou deitar achas para a fogueira, não me interessa, serei do Belenenses, já o disse mais que uma vez, mesmo que não tenha estádio para jogar, aliás, foi assim que começou. Vi-o ganhar nas Salésias, também o vi ganhar no Restelo, mas aí já perdeu mais do que ganhou. E por este andar…

Parece que o pano de fundo (agora e sempre) é a ganância pelos terrenos. Mas a mim só me interessa ter uma equipa competitiva, uma equipa que lute pelos primeiros lugares. Uma equipa dessas tem sempre muitos campos para jogar. Mais, tem sempre gente interessada em vê-la jogar. O resto são ninharias. Infelizmente são as ninharias que têm triunfado no Restelo. E por lá andam a defender os seus interesses. Pode o Belenenses ganhar ou perder o próximo jogo, os próximos jogos, descer de divisão, que as ninharias irão continuar. Até já nada restar do saudoso Club de Futebol ‘Os Belenenses’.

segunda-feira, março 03, 2014

Um jogo diferente

Contra este Benfica não se podem tirar muitas ilacções. Os jogadores motivam-se mais, correm mais, e os treinadores, de uma maneira ou de outra, fazem todos o mesmo: - a ordem é defender em todo o campo e espreitar o contra-ataque. É assim com o Belenenses e práticamente com todas as outras equipas nacionais, exceptuando o Porto. Foi isso que o Belenenses fez, honestamente, e conseguiu chegar ao intervalo a perder apenas por um golo! É verdade que abusou dos lançamentos longos, por alto, à procura de um ressalto que permitisse um remate á baliza. E também é verdade que, com os jogadores muito recuados, seria muito difícil aproveitar esses ressaltos. Que de facto aconteceram porque Tiago Caeiro ganhou alguns lances às torres encarnadas. Assim, na primeira parte, a única oportunidade para criar perigo resultou de uma bola parada. Um livre bem marcado, ao segundo poste, que Kay quase ía aproveitando.
Na segunda parte, como também é hábito, procurámos subir as linhas, fizemos substituições a propósito, Freddy e Tiago e a coisa ía resultando! Só não resultou ‘graças’ a um tremendo erro do fiscal de linha, que o árbitro sancionou! Não fosse assim, o jogo ficaria empatado, os encarnados ficariam nervosos, nós ficaríamos empolgados, e como já tínhamos entrado na recta final da partida ninguém pode adivinhar o que iria acontecer! Mas não foi isto que aconteceu. O critério nacional manteve-se, ou seja, na dúvida, a favor dos mais fortes. E nem havia dúvida!
Ainda assim, poderíamos ter prosseguido no intuito de chegar ao empate, um mal menor, um ponto importantíssimo numa guerra que ainda podemos ganhar. Porém, mais uma vez (e não é a primeira vez!) a infantilidade, associada a algum vedetismo arruinou qualquer esperança. O nosso jogador Freddy fez-se expulsar de forma inadmissível. Eu já sei que muitos dos que se intitulam belenenses acorreram a desculpar o seu gesto. Preferiram apontar para outros alvos, sempre na mesma direcção! Esses que o fazem são de outro clube, outro Belenenses que não tem nada a ver com o meu. O meu Belenenses está acima dos jogadores e das suas patetices.

Análise individual:

Matt Jones – exibição positiva resolvendo a contento os poucos lances em que teve que intervir. No golo estava um pouco adiantado mas o mérito é do avançado.

Geraldes – um dos melhores. Bateu-se bem, criou grandes dificuldades a Gaitán, o melhor dos encarnados, e tentou sempre subir pelo seu corredor. Rápido de pernas, tem uma velocidade de execução e mental acima da média azul. Titular indiscutível.

Gonçalo Brandão – compensa a lentidão com alguma experiência mas os laterais modernos têm de ter outra desenvoltura.

João Meira – exibição nos limites, às vezes excede-se, desta vez não se excedeu. Foi a todas.

Kay – um pouco inseguro a defender, alguma dificuldade no domínio de bola, é no entanto o nosso mais perigoso ‘avançado’! No cômputo geral, uma boa exibição. Não fez falta, e quanto a mim bem, quando Gaitán arrancou isolado para o golo. Seria cartão vermelho (aos oito minutos de jogo!) porque depois dele só restava o guarda-redes. O lance é muito rápido mas quem tinha que fazer falta não era o Kay.

Danielsson – falta-lhe um segundo andamento, alguma trepidação mas a sua tarefa não era fácil. O miolo benfiquista dá cartas em todo o lado. Acabou substituído e tem que rever as indecisões – um passe menos preciso, para trás e para a terra de ninguém, poderia ter sido um sarilho.

Fernando Ferreira – mais concentrado do que o habitual, apenas uma peitaça mais arriscada poderia ter comprometido o seu trabalho. Cumpriu.

Filipe Ferreira – finalmente no seu lugar, vocacionado para a construção, abriu o jogo pelas faixas mas nunca perdeu o sentido das dobras na defesa. Uma exibição muito positiva.

Bruno China – discutiu muito jogo no nosso meio campo defensivo, é um jogador lúcido, mas o seu futebol parece-me algo travadinho. Sem alcance. Precisa de melhorar os índices físicos.

João Pedro – lutou muito, correu muito, mas esteve sempre longe da baliza adversária.

Tiago Caeiro – exibição útil e esforçada, ganhando muitos lances de cabeça aos defesas adversários. Na segunda parte marcou o golo do empate… que seria incrivelmente invalidado.

Freddy – já falei de Freddy, do seu gesto também incrível, mas quando entrou para jogar no meio, em apoio ao ponta de lança, o Belenenses tornou-se perigoso. E assim continuaria até ao momento da sua expulsão.

Tiago Silva – outro jogador que entrou muito bem no jogo! Determinado, mais humilde, o que é fundamental a partir de agora, deu sequência a alguns movimentos ofensivos que começavam a perturbar a estratégia de contenção benfiquista. Foi dele o passe/remate que esteve na origem do golo invalidado.

Rambé – entrou e levou logo com um cartão amarelo por simulação dentro da área. Mas bastaria ter tentado prosseguir com a bola para poder ter acontecido uma falta real caso o defesa benfiquista não se retraísse. São estas pequenas coisas, todas juntas e ao mesmo tempo, que fazem a diferença entre as equipas adultas e aquelas que dificilmente têm lugar na primeira divisão.
Para bom entendedor…


Saudações azuis